3.5.09

EPÍGRAFE PARA A ARTE DE FURTAR

Roubam-me Deus,
outros o Diabo
-quem cantarei?

roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
-quem cantarei?

sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
-quem cantarei?

roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
-aqui del-rei!

Jorge de Sena
1952